27 de setembro de 2016



Durante o VI Simpósio Internacional de Prevenção do Suicídio, promovido pelo CVV em Fortaleza (CE), o psicólogo Marco Antonio Campos, Presidente da Fundación Vínculos, organização chilena que busca promover a saúde mental, falou sobre fatores culturais e econômicos que têm sido obstáculos na busca da felicidade.

A fundação parte da premissa de que há relação entre saúde mental, desenvolvimento e felicidade, de modo que uma vida emocionalmente saudável seria aquela em que há equilíbrio entre vida familiar/afetiva, trabalho/escola e tempo livre, elementos que a instituição chama de ciclo da vida.

A família seria garantidora de uma base segura, que auxiliaria na força para explorar o mundo e tolerar as adversidades. O trabalho e a escola seriam o ambiente ideal para que a pessoa pudesse explorar seus talentos e suas potencialidades. O tempo livre, por sua vez, seria necessário para realização de atividades prazerosas e criativas. Estes seriam, portanto, os três pilares da intervenção e prevenção de problemas emocionais, não havendo sustentação adequada quando um deles falta.
 
O psicólogo chamou a atenção para o fato de que o elevado crescimento econômico vivenciado pela população chilena nas últimas décadas foi acompanhado por uma queda na qualidade de vida e aumento dos casos de depressão, ansiedade e suicídio. Neste ano, por exemplo, a Organização Mundial de Saúde declarou o Chile como o país de maior consumo de álcool do mundo. Isto porque as jornadas de trabalho e a carga horária escolar cresceram, diante da cobrança para que todos sejam produtivos e altamente qualificados, com decorrente diminuição da vida familiar/afetiva e tempo livre para atividades de lazer.

Por essa razão, a fundação defende a urgência de uma mudança no estilo de vida, com a busca de um desenvolvimento emocionalmente sustentável, que seria aquele em que as pessoas não são escravas dos seus trabalhos e não se sentem pressionadas a dar sempre os melhores resultados, em detrimento da sua saúde emocional. Faz ainda uma importante distinção entre crescimento, medido pela mera acumulação de capital e pelo Produto Interno Bruto, e desenvolvimento, situação em que as pessoas de fato percebem uma melhora geral na sua qualidade de vida, adquirindo maior controle sobre seu tempo e suas vontades, restabelecendo vínculos afetivos, autonomia e criatividade, com maiores chances de alcançar a tão desejada felicidade.


Luiza
CVV Belém/PA

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